18 de dez. de 2011

Quando a margarina Planta chegou à minha aldeia...



A margarina PLANTA revolucionou a minha forma de olhar para o creme com que barrava o pão.
Até esse dia o meu pão era barrado com manteiga Primor comprada avulso (sim, lá em casa tudo era comprado avulso: 1/4 de açúcar; 100g de manteiga...); com manteiga-de-cor -  que mais não era que banha de porco coalhada após se fritar a carne de porco temperada com pasta de pimentão - ou com tulicreme.
Mesmo não passando horas em frente à televisão a publicidade também influenciava.
Era uma tarde de Primavera já próxima do Verão, estávamos no 3º período e as férias viriam em breve. Saímos da escola e, tal como era hábito, a pasta (com um só manual) ia ser lançada para cima da mesa. Comíamos qualquer coisa e até a noite chegar ainda havia tempo para muita brincadeira. Esta era a rotina, não esperava que surgisse algo de diferente.
Porém, eis que neste dia a presença de 2 senhoras (não eram da aldeia nem da aldeia vizinha) nos chamou à atenção. Era gente Lisboa. Só podia ser.
Chegaram de carro e com uma cesta cheia de pacotes de margarina Planta com direito a uma faquinha de plástico (que dizia Planta, pois claro). Batiam à porta, "vendiam o seu peixe", entregavam o pacote de margarina e faziam uma cruz com um pau de giz. Assim era assinalada a família que já tinha recebido a maravilhosa embalagem toda colorida da respectiva margarina.Ninguém se atreveria a apagar aquele X desenhado a giz.
Não se falava em outra coisa a não ser nas  mulheres com jeito de terem vindo de Lisboa e que entregavam pacotes de margarina Planta.
Perante isto quem queria comer manteiga Primor (que saudades daquele sabor) que era comprada avulso na mercearia da Rosalinda e que vinha embrulhada em papel manteiga?
Não me recordo por quanto tempo comi da dita Planta, talvez mais tarde a substituísse por Flora. Sei que algures no tempo ainda me deixei influenciar pela margarina Banquete (custa a crer, eu sei!).
Mas até hoje nenhum o epísódio publicitário me influenciou tanto como este.

"Em casa acho que toda a gente gosta de Planta. Os miudos, então, adoram-na!".

11 comentários:

Maria Soares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
salvoconduto disse...

Este está mesmo a arrancar...

Lá em casa era mais "baqueiro". "tantas possibilidades a mesma inspiração, vaqueiro inspira-te". Em todo o caso durou pouco, a manteiga da vizinha impunha-se. Era enorme, a vizinha claro.

Pitanga Doce disse...

Olha, já usei muito Planta, quando ficava na casa da sogra. Depois veio a Mimosa e é a que uso agora em minha casa (quando vou aí, é claro).

Juro como "viajei" lendo teus textos. Me achaste através da Dina? Outra alentenjana como tu?

Maria Soares disse...

Olá Pitanga,
Todos gostamos de recordar os velhos tempos. Sobretudo numa altura em que tudo é efémero.

Anônimo disse...

Lembro-me bem da chegada da margarina mas, só anos mais tarde vim a saber que as primeiras margarinas eram brancas e, como não tinham saída, um fabricante francês lembrou-se de lhe pôr corantes para ficar com a cor da manteiga. O sucesso foi imediato.
Mas se as pessoas soubessem como são fabricadas as margarinas ( não todas...) de certeza que não a usavam nunca!

greentea disse...

acho que nunca comi Planta no pão...mas a minha avó fazia-me uma banha misturada com colorau que eu espalhava no pão e comia deliciada chamando-lhe "pão com chouriço"...e que será identico à tua manteiga encarnada.

Maria Soares disse...

Salvoconduto,
Para o cozinhados a minha mãe preferia a banha de porco.
A tua vizinha deveria ser mesmo enorme já que essa imagem perdura :)

Maria Soares disse...

Carlos,
Ver uma fábrica de margarinas é nunca mais conseguir sequer olhar para a embalagem...

Maria Soares disse...

greentea
pois é...
Outros tempos.

Manuel Veiga disse...

ganhas um doce se me disseres quem escreveu o texto desse anúncio... rss

bem vinda ao RelógiodePendulo.

Maria Soares disse...

olá heretico,
não sei mm quem escreveu o texto do anuncio...