Se não encontras nenhum motivo para dar graças, então a falha encontra-se dentro de ti. (in sabedoria indígena)
Quando era criança lia imenso. Adorava ler e esse era o meu refúgio.
Foi através dos inúmeros livros lidos que tomei consciência que o meu mundo existia verdadeiramente para lá da minha aldeia e que as portas estavam abertas para qualquer Maria papoila, desde que essa tivesse coragem de as transpor.
Não tendo acesso à compra de livros, a biblioteca itinerante da Gulbenkian foi a varinha mágica que me proporcionou momentos tão diversos: de deslumbramento, de intensidade de sentimentos, de paixão, encantamento, alegria, suspense, sonho, divertimento e, é claro, de conhecimento.
Comecei a frequentar a biblioteca aos 6 anos e até decisões políticas que puseram fim ao seu serviço não me recordo de alguma vez ter falhado uma visita do autocarro à aldeia.
Foi na biblioteca itinerante que tive o primeiro contato com livros infantis, "Nodi"; "Pequenu"; "Anita" e outros mais, menos conhecidos mas igualmente interessantes.
Guardo, com especial carinho,as recordações das histórias da Majora, em que todas terminam com "moral da história..."
A vantagem destas histórias é que os bons eram compensados e os maus castigados. A vida era justa, portanto! Com estas histórias fui formando a minha personalidade, acreditando (muito mais que nos livros e nas sessões de catequese que compuseram a minha experiência no ramo religioso) que mais tarde ou mais cedo a justiça sereia feita. Felizmente ou infelizmente a vida não é para tolas e à primeira oportunidade lá me apercebi que nem sempre a vida é justa, que os maus quase sempre vencem os bons, sobretudo se estes forem "tansos", que o amor nem sempre vence, que por vezes as armas mais vis derrubam os crentes no bem e que embora a verdade venham ao de cima - como sempre proclamou a minha avó - o tempo que demora deixa por vezes marcas danadas...
Porém, a vida também me ensinou que não há verdades absolutas e que cada história tem tantas verdades como as pessoas envolvidas e os olhares que por ela se debruçam. Também é verdade que ninguém é sempre mau e/ou sempre bom, mas sobre isso as histórias da majora não se pronunciaram.
Não sei se os políticos que desde o 25 de abril desgovernan este país leram as histórias da majora (de repente tive um susto, imaginei o Cavaco silva criança e já era detestável, cínico e sonso), ou que histórias leram, mas alguma coisa falhou porque não me parece que os seus livros tivessem no final "moral da históra"; talvez fosse livros "amorais", em que estes podiam enganar, roubar e destruir um país saindo impunes e como heróis...
Porém, a vida também me ensinou que não há verdades absolutas e que cada história tem tantas verdades como as pessoas envolvidas e os olhares que por ela se debruçam. Também é verdade que ninguém é sempre mau e/ou sempre bom, mas sobre isso as histórias da majora não se pronunciaram.
Não sei se os políticos que desde o 25 de abril desgovernan este país leram as histórias da majora (de repente tive um susto, imaginei o Cavaco silva criança e já era detestável, cínico e sonso), ou que histórias leram, mas alguma coisa falhou porque não me parece que os seus livros tivessem no final "moral da históra"; talvez fosse livros "amorais", em que estes podiam enganar, roubar e destruir um país saindo impunes e como heróis...